domingo, 9 de fevereiro de 2014

Décima… Alentejo meu tesouro


 
Mote.

Há tanta ideia perdida
Nos campos de trigo ouro
Vasta planície com vida
Alentejo meu tesouro

Por entre vales e serras
Chaparros e azinheiras
Sobreiros e velhas eiras
Contidos em farta rima
Entre memória com história
A planície embriagada
Nas rimas de triste fado
Canta aqui e acolá
Quase sempre ao deus dará.
Há tanta ideia perdida!!

Assim os dias vão passando
Na letargia de um ribeiro
O seu povo verdadeiro
Alegre cantarolando
Modinhas que são besouro
Que elevam os sentidos
No vento com seus gemidos
A saudade é bebedeira
Triste namoradeira
Nos campos de trigo ouro

Velhos de cabelo branco
Jovens de esperança viva
Esta terra está cativa
Presa em fundo barranco
A alma de todos nós
Moinhos de tantas Mós
Em grupo ou mesmo sós
O trigo lá vão moendo
Em quadras que vão escrevendo
Vasta planície com vida

Por agora eu termino
Ao cantar que a voz me doa
Alentejo me perdoa
Este meu jeito franzino
Venho da casta de um mouro
Que um dia caiu do vento
Plantou aqui seu rebento
Por entre o barro vermelho
Hoje no céu como um espelho
Alentejo meu tesouro.


3 comentários:

  1. Boa tarde. Compartilhei este blog hoje no face. Estudo literatura portuguesa no Rio de Janeiro, Brasil. Estudo Jorge de Sena. Parabéns pelo blog.

    ResponderEliminar
  2. Aproveitei estas suas décimas para dar uma aula na Universidade Sénior de Sousel. Obrigada.

    ResponderEliminar
  3. Obrigado Antónia, vou publicar este mês (Maio 2022) na Folha de Montemor.

    ResponderEliminar