sexta-feira, 16 de abril de 2010

( Soneto ) Alentejano


Deu agora meio-dia; o sol é quente
Beijando a urze triste dos outeiros.
Nas ravinas do monte andam ceifeiros
Na faina, alegres, desde o sol nascente.

Cantam as raparigas, brandamente,
Brilham os olhos negros, feiticeiros;
E há perfis delicados de Trigueiros
Entre as altas espigas de oiro ardente.

A terra prende aos dedos sensuais
A cabeleira dos trigais
Sob a bênção dulcíssima dos Céus.

Há gritos arrastados de cantigas...
E eu sou uma daquelas raparigas...
E tu passas e dizes: Salve-os Deus!

Florbela Espanca

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